Os rios e as fontes de água são deidades adoradas pelas culturas ancestrais do mundo, pois deles dependem a vida e a saúde da Mãe Natureza e de todos. Este ser divino está em risco devido a repressão dos rios para a construção de hidroelétricas, a contaminação com químicos, o consumo de carne, os mono cultivos, as mineradoras etc.
A Dra. Vandana Shiva, em seu livro “As Guerras pela água” (Water Wars) explica claramente como a maioria dos conflitos e guerras no mundo, inclusive as que parecem ser de cunho religioso ou étnico, são, em sua profundidade, conflitos causados pela seca das fontes de água potável, devido, principalmente, ao uso de sementes transgênicas, monocultivos e demais aspectos do modelo de agricultura industrial.
Proteger a água é uma urgência e cada um de nós deve se responsabilizar por essa necessidade.
Os 9 princípios da democracia da água (Dra. Vandana Shiva)
1. A água é um presente da natureza:Recebemos a água gratuitamente da natureza. E devemos à natureza o uso desse presente de acordo com as nossas necessidades de sustento, assim como mantê-la limpa e em uma quantidade adequada. Desvios que criam zonas áridas ou inundadas violam os princípios da democracia ecológica.
2. A água é essencial para a vida: A água é a fonte de vida para todas as espécies. Todas as espécies e ecossistemas têm direito a sua porção de água no planeta.
3. A vida está interconectada através da água:A água conecta a todos os seres e todas as partes do planeta através do ciclo de água. Todos temos o dever de garantir que nossas ações não prejudiquem a outras espécies ou outras pessoas.
4. A água deve ser gratuita para atender nossas necessidades básicas: Uma vez que a água nos foi dada pela natureza livre de custo, comprá-la ou vendê-la com fins lucrativos viola nosso inerente direito aos regalos na natureza e nega os direitos humanos aos mais pobres.
5. A água é limitada e pode esgotar-se: A água é limitada e esgotável se usada de forma não sustentável. O uso não sustentável inclui extrair mais água dos ecossistemas do que a natureza possa recarregar (insustentabilidade ecológica) e consumir mais do que é legitimamente a porção de cada um, tendo em conta o direito dos demais a uma distribuição equitativa ( insustentabilidade social).
6. A água deve ser conservada: Todos têm o dever de conservar a água e usá-la de forma sustentável, dentro dos limites ecológicos e justos.
7. A água é um bem comum: A água não é uma invenção humana. Não pode se restringir e não tem fronteiras. Ela é naturalmente um bem comum. Não pode ser apropriada como um bem particular nem vendida como uma mercadoria.
8. Ninguém tem o direito de destruí-la: Ninguém tem o direito ao uso excessivo, abusivo, desperdício e contaminação dos sistemas de água. As permissões negociáveis (tratados) de contaminação violam o princípio do uso justo e sustentável da água.
9. A água não pode ser substituída: A água é intrinsecamente diferente de qualquer outro tipo de recurso ou produto. Não pode ser tratada como uma mercadoria.
O Pacto Mundial Consciente, em aliança com o Canto al Agua, propõe que trabalhemos para sarar nossa relação com a água e educar as comunidades como guardiães dessa fonte de vida. Além disso, apoiamos a ação de organizações como Ganga Action Parivar, Water and Spirituality, Vrindavan Act Now, entre outras, para proteger os rios sagrados, os territórios e as fontes hídricas do mundo.
Vamos sarar nossas águas com o que consumimos, fazemos e pensamos.
AMA-ZONAS
A preocupação pela condição dos rios do mundo reuniu a representantes de diferentes rios sagrados em uma oração frente ao rio Ganges, durante o Kumbha Mela, na Índia, em 2013 (foto acima). Posteriormente, a produção musical Ama-zonas recebeu este rezo e o compartilhou com toda a humanidade, em 2015.
Ama-zonas reuniu artistas do mundo pela defesa dos rios sagrados, da selva e das culturas ancestrais. Sua música é uma oferenda e uma oração à Mãe Terra. Você pode escutar o álbum completo aqui
Aliados na causa que nos une
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